Vodum, vodun, voodoo ou vodu são
termos que se referem aos ramos de uma tradição religiosa baseada nos ancestrais
que tem as suas raízes primárias entre os povos Ewe-Fon do Benim, onde é, hoje,
a religião nacional, com mais de 7 milhões de adeptos. Além da tradição fon, ou
do Daomé, que permaneceu na África, existem tradições
relacionadas que lançaram raízes no Novo Mundo
durante a época do tráfico transatlântico de escravos (século 16 -
século 19) e que persistem até hoje, como o candomblé
brasileiro, o vodu
haitiano, a santería cubana, o vudu da Luisiana etc. "Vodum" pode
designar tanto a religião quanto os espíritos
centrais nessa religião.
O vodum
da África Ocidental (Vodun
ou Vudun na língua fon do Benin
e da Nigéria e na língua ewe do Togo
e Gana) é uma religião tradicional da costa da África Ocidental,
da Nigéria a Gana.
É distinta das religiões animistas tradicionais do interior desses mesmos
países, e semelhante a diversas religiões surgidas com a dispersão africana
no Novo Mundo, como o vodu haitiano, o vodu da República Dominicana,
o candomblé jeje no Brasil, o voodoo da Luisiana e a santería em Cuba,
que são sincretizadas com o cristianismo e as religiões
tradicionais africanas do povo bacongo.
É
praticado pelos Ewe, Kabye, Mina, Fon e (com um nome diferente) os
povos iorubás do sudeste do Gana,
Togo meridional e central, Benin
meridional e central, e sudoeste da Nigéria. A palavra vodún (pronunciado vodṹ
- ou seja, com um u nasal em um tom alto) é o termo Gbe (Ewe-Fon) para a palavra
"espírito".
60% da
população do Benim, cerca de 4,5 milhões de pessoas, pratica vodum. Além disso,
muitos dos 15% da população beninense que denominam-se "cristãos"
praticam, na verdade, uma religião sincretizada, semelhante ao vodu haitiano ou
ao candomblé brasileiro. Muitos deles são descendentes de
escravos libertos brasileiros que se fixaram na costa perto de Ouidah. Em Togo,
cerca de metade da população indígena pratica religiões, das quais o vodum é,
de longe, a mais seguida, com cerca de 2,5 milhões de seguidores. Pode haver
outros milhões de vodúnsis entre os ewés de Gana:
13% da população de 20 milhões são ewe e 38% dos ganenses pratica religiões
tradicionais. Cerca de 14 milhões dos nigerianos pratica religiões tradicionais,
principalmente o vodum.
Brasil
A
tradição e a cultura dos escravos jejes, ewés, fons, minas, fantes e axântis deram origem no Brasil às tradições conhecidas como:
- Candomblé jeje:
teve início em Salvador e no
Recôncavo baiano,
nas cidades de Cachoeira e São Félix e
outras, depois migrou para o Rio de Janeiro, São Paulo em maior número.
- Tambor de Mina: ficou restrito a São Luís
do Maranhão com a única casa de Jeje-Mina no Brasil que é a Casa das Minas.
- Xangô do Nordeste,
Xangô do Recife, Xangô de Pernambuco ou Nagô-Egbá ou Jeje-Nagô: teve início na Região Nordeste
do Brasil. Uma parte migrou depois para outros estados.
- Tambor
do Golfo
Cuba
A
tradição fon mais ou menos "pura" de Cuba
é conhecida como La Regla Arará. .
Estados Unidos
É
importante notar que a palavra Voodoo é a mais comum, conhecida e usada
na cultura popular americana, embora
seja vista como ofensiva pelas comunidades praticantes da Diáspora africana.
As soletrações diferentes deste termo podem ser explicadas como segue:
A palavra
voodoo é usada para descrever a tradição creole de New Orleans; vodou é usado para descrever
a tradição vodu haitiana.
O vudu da Luisiana,
também conhecido como New Orleans Voodoo, é uma religião da diáspora
africana, uma forma de espiritualidade que foi desenvolvida falando-se a língua francesa e o
Creole pela
população Afro-americana do
estado de Luisiana, nos Estados Unidos
.
Haiti
O vodu
haitiano, chamado de Sèvis Gine("serviço africano") no Haiti,
tem também fortes elementos dos povos Igbo,
Congo da África Central e o ioruba da Nigéria, embora muitos povos diferentes ou
"nações" da África tenham representação na
liturgia do Sèvis Gine, assim como os índios tainos, os povos originais da ilha agora
conhecida como Hispaniola.
Formas crioulas de vodu existem no Haiti
(onde é nativo), na República Dominicana,
em partes de Cuba, e nos Estados Unidos, e em outros lugares em que os
imigrantes de Haiti dispersaram durante os anos. É similar a outras religiões
da diáspora africana,
tais como Lukumi ou Regla de Ocha (conhecida também como santería) em Cuba,
candomblé e umbanda no Brasil, todas essas religiões que evoluíram entre
descendentes de africanos transplantados
nas Américas.
Jamaica
Obeah é uma forma de religião ou culto
de ancestrais africanos praticado na Jamaica, Voduns.
Voduns
Mawu é o ser supremo dos povos Ewe
e Fon, que criou a terra e os seres vivos e engendrou os voduns,
divindades que a ("Mawu" é do gênero feminino) secundariam no comando
do universo. Ela é associada a Lissá, que é masculino, e também
corresponsável pela criação, e os voduns são filhos e descendentes de ambos. A
divindade dupla Mawu-Lissá é intitulada Dadá Segbô (Grande Pai
Espírito Vital).
- Loko: é o primogênito dos voduns. Representado
pela árvore sagrada Ficus idolatrica ou Ficus
doliaria (gameleira-branca).
- Gu: vodum dos metais, guerra, fogo, e tecnologia.
- Heviossô: vodum que comanda os raios e relâmpagos.
- Sakpatá: vodum da varíola.
- Dan: vodum da riqueza, representado pela serpente do arco-íris.
- Agué: vodum da caça e protetor das florestas.
- Agbê: vodum dono dos mares.
- Ayizan: vodum feminino dona da crosta terrestre e
dos mercados.
- Agassu: vodum que representa a linhagem real do Reino
do Daomé.
- Aguê: vodum que representa a terra firme.
- Legba: o caçula de Mawu e Lissá.
Representa as entradas e saídas e a sexualidade.
- Fa: vodum da adivinhação e do destino.
Os voduns
na África são agrupados em "famílias"
chefiadas por um vodum principal, ora representando um elemento ou fenômeno da natureza, ora da cultura. Existem, basicamente, 4
famílias principais:
- Os Ji-vodun, ou "voduns do alto",
chefiados por Sô (forma basilar de Heviossô).
- Os Ayi-vodun, que são os voduns da terra,
chefiados por Sakpatá.
- Os Tô-vodun, que são voduns próprios de uma
determinada localidade (variados).
- Os Henu-vodun, que são voduns cultuados por
certos clãs que se consideram seus descendentes
(variados).
No
Brasil, os voduns são cultuados nos terreiros de candomblé, sobretudo nos da nação
jeje, onde ainda se conserva alguma lembrança da divisão por famílias.
Rituais
Voduns
não usam roupas luxuosas, não gostam de roupas de festa e, geralmente, preferem
a boa e velha roupa de ração. As
danças são cadenciadas em um ritmo mais denso e pesado. Os
voduns estão sempre de olhos abertos e, salvo algumas exceções, conversam
(usando preferencialmente um dialeto próprio) e dão conselhos a quem os procura.
Iniciação
A iniciação ao culto dos voduns é complexa é longa
e pode envolver longas caminhadas a santuários e mercados e períodos de
reclusão dentro do convento ou terreiro hunkpame que podem chegar a durar um ano,
quando os neófitos são submetidos a uma dura rotina de danças, preces,
aprendizagem de línguas sagradas
e votos de segredo e obediência.
Hierarquia
- Bokonon - Sacerdote do vodum Fa
equivalente ao Babalawo
- Doté Sacerdotes (homens) da família de Sogbo e Doné sacerdotisas (mulheres). Esse título é
usado no Terreiro do Bogum,
onde também são usados os títulos Gaiaku e Mejitó. Similar à Iyalorixá.
- Noche - Sacerdotisas do Jeje-Mina.
- Vodúnsi - após 1 ano da iniciação.
- Kajekaji - iniciado que ainda não
completou o ciclo de obrigações.